Nós temos o que precisa!
The Good Shepherd
Garantimos sono profundo entre a primeira ou quinquagésima hora do filme.
Serviço disponível num cinema perto de si. *
À data de hoje, pelos meus registos, vi 52 títulos (exactamente um por semana… curioso) estreados no ano transacto, elegíveis, portanto para receberem uma das tão aliciantes estatuetas douradas. Não foi, contudo, e como já vem sendo normal, um ano cheio de grandes filmes.
Por todo o mundo há cada vez menos gente a ter a ida ao cinema como hábito e, assim sendo, os grandes estúdios apostam em produções gigantescas com proveitos previsivelmente garantidos mas sacrificando, muitas vezes, a qualidade, em favor de maus (mas bonitos) actores e ainda piores (mas fáceis de compreender) argumentos, capazes de apelar ao grande público através de uma ou duas explosões e, quem sabe, uma ou outra cena de nudez (não necessariamente relevante(s) para a história).
Ainda assim, nem é tudo mau. Com a consolidação deste cenário passou a dar-se muito mais atenção ao cinema independente, como comprovam, por exemplo, a vitória de Crash em 2006 e a presente nomeação de Little Miss Sunshine, uma das muitas com que concordo, apesar de haver, no meu ponto de vista, várias injustiças que tentarei evidenciar de seguida, com a análise às principais categorias, cujos nomeados tive a oportunidade de ver, quase na totalidade, à excepção de Marie Antoinette, Monster House, Notes on a Scandal e The Good German (se entretanto um deles me conquistar, certamente que virei aqui reflectir as respectivas alterações).
Best Motion Picture of the Year
A minha escolha
Letters from Iwo Jima (10)
Acabei por me decidir pelo segundo capítulo da saga de Iwo Jima, brilhantemente liderada por Clint Eastwood. As razões? Muito simples. Não consegui achar nada de mau a apontar. Excelente realização, muitos e bons actores, com a acção a desenrolar-se num ambiente espectacularmente genuíno. Para além da perfeição técnica, a história é muito boa, fazendo-nos acompanhar a batalha, sob o ponto de vista Japonês, com a dicotomia Humanidade/Nacionalidade, brilhantemente explorada, através do General e de um mero soldado, cujos destinos se vão cruzando ao longo das quase duas horas e meia de filme.
Sozinho é um dos melhores filmes do séc. XXI e pode retirar-se uma ainda melhor experiência vendo primeiro a prequela, Flags of our Fathers: o ponto de vista americano. Em suma, uma película que fica na história e cuja visualização é absolutamente imprescindível para qualquer fã do bom cinema.
Os injustiçados
Uma viagem deslumbrante pelo mundo da fantasia dirigida, mais uma vez, por Gore Verbinski e escrita, de uma forma muito inteligente, por Ted Elliot e Terry Rossio. Johnny Depp, Orlando Bloom e Keira Knightley continuam bem, ajudando este brilhante “Piratas” a tornar-se no “porcorn movie” por excelência. Um filme para todos e que, precisamente por isso, dificilmente mereceria a atenção da Academia, como se veio efectivamente a verificar.
Seguindo um jovem membro de uma tribo que personifica toda a força da natureza, Apocalypto é visualmente deslumbrante. Com realização de grande nível e actores desconhecidos mas perfeitos para os papéis que desempenham este é um filme que, apesar de eu não concordar com algumas opções tomadas na conclusão da história (da autoria de Mel Gibson e Farhad Safinia), justificava reconhecimento nesta edição dos Oscars, com nomeações nesta categoria e na de melhor filme em língua estrangeira…
Os (restantes) nomeados
De qualquer maneira, através das excelentes prestações do elenco, cintilantes, a espaços (como provam duas nomeações que analisarei mais à frente), este Babel é um dos grandes filmes de 2006, ainda que, reafirmo, não considere muito justa a sua inclusão no lote dos cinco nomeados.
The Departed (8) – Um sólido thriller com o mundo do crime em pano de fundo, repleto de muitos actores consagrados, que contribuem com grandes actuações para a realização de Martin Scorsese, bem ao seu estilo. Ainda assim, esta concretização do argumento de William Monahan, não é a melhor das obras do realizador norte-americano, a quem o Óscar vai escapando há já alguns anos. Mais uma vez, The Departed é um bom filme mas, na minha opinião, não o suficiente para merecer a estatueta mais cobiçada.
Little Miss Sunshine (9) – Dos nomeados, o meu segundo favorito, atrás das Cartas de Iwo Jima. Um filme independente que acompanha uma família disfuncional norte-americana na sua determinada aventura para levar a membro mais nova a participar num concurso de beleza, ainda que esta não seja a típica concorrente em eventos dessa natureza.
Com o objectivo de apelar a um público mais vasto, a película foi publicitada, no grande mercado, praticamente como sendo “mais uma” comédia. Ainda que retenha alguns bons momentos a este associados, Little Miss Sunshine está muito para lá do género cómico, com um dramatismo subliminarmente presente em todas as cenas, muito por culpa do esforço que foi posto em dotar cada personagem de uma personalidade fortíssima, bem definida e completamente distinta das outras, possibilitando uma interacção espectacularmente bem delineada pelo argumentista (Michael Arndt) e pelos realizadores (Jonathan Dayton e Valerie Faris) e ainda melhor interpretada pelo elenco.
Se houvesse o Oscar para Best Ensemble Cast, Greg Kinnear, Paul Dano, Alan Arkin, Toni Collette, Steve Carell e, claro, Little Miss Sunshine herself, Abigal Breslin iriam todos para casa com um cavaleiro dourado. É um filme extraordinário, uma pérola que muito me apraz ver devidamente representada nos prémios da Academia. Recomendado a todos.
The Queen (8) – Sem dúvida um grande filme, que assenta muito na brilhante interpretação de Helen Mirren do excelente argumento de Peter Morgan, como Rainha Isabel II. A realização de Stephen Frears é de topo, ajudando, também a transformar este título num dos mais sólidos e bem executados a estrearem no ano transacto.
Como devem saber, a história tenta reflectir a reacção da família real britânica à morte de Diana em 1997, explorando as dificuldades da Rainha em lidar com a situação e em comunicar com o, então recém-eleito, Tony Blair (bem interpretado por Michael Sheen).
Menção Honrosa
Casino Royale (9) – Bond está de volta, melhor do que nunca. Não tenho dúvidas em afirmar que Daniel Craig é o melhor 007 de sempre e que este seu primeiro filme é um dos melhores títulos de acção de todos os tempos.
Flags of Our Fathers (9) – Esquecido nas nomeações, é um excelente filme que conta a história por detrás de uma das mais famosas fotografias da história dos Estados Unidos. É a prequela perfeita para a obra-prima Letters from Iwo Jima, na mesma brilhantemente realizada por Clint Eastwood e que retrata a batalha sob a perspectiva americana.
Children of Men (9) – Uma visão futurista quase perfeita, não fossem as imperfeições no final da história. Ainda assim, com um argumento muito interessante, um ambiente sem precedentes na história do cinema (muito ao estilo de Half-Life 2, o jogo) este é um dos meus filmes preferidos de 2006, um dos que mais prazer me deu ver.
Little Children (9) – Ao contrário de Babel, aqui tudo foi muito bem explorado. Uma história de paixão pouco convencional que se encerra nisso mesmo, estendendo tentáculos a várias problemáticas da vida humana, desde as primárias até às mais modernas. Sem dúvida, um dos bons apontamentos cinematográficos do ano, que, sinceramente, pensei vir a ser reconhecido pela Academia.
Lucky Number Slevin (9) – Um filme que passou despercebido a muita gente. Insere-se nas mesmas categorias de The Departed, sendo, na minha opinião, superior.
The Da Vinci Code (9) – A adaptação ao cinema, deu a conhecer, a todos os que não têm o hábito da leitura (onde me incluo-o, apesar de estar precisamente agora a ler este livro), a controversa história de Dan Brown. Muita gente ficou desapontada. Eu não conhecia a história e gostei bastante. Anseio, portanto, pelo Angels & Demons, versão cinematográfica do livro com mesmo nome, da autoria do norte-americano.
Venus (9) – Um filme que vi após saber da nomeação de Peter O’Toole e que me surpreendeu. Não fossem alguns problemas de realização, levava nota máxima. História excelente, cenas inconfortáveis para alguns mas, sem dúvida, um belo filme. This is what movies are all about.
El Laberinto del Fauno (9) – de que falarei mais à frente, quando abordar o Oscar para melhor filme em língua não inglesa.
Best Performance by an Actor in a Leading Role
A minha escolha
Peter O’Toole em Venus (9)
Interpretando o papel de Maurice, um reformado inglês que desenvolve uma relação inesperada com a sobrinha de um amigo, O’Toole faz-nos pedir a nós próprios para que o filme nunca acabe, tal não é a perfeição com que encarna a personagem… Quero explicar melhor, acreditem… mas não sou capaz: só vendo. Apesar de também concordar com a escolha dos outros nomeados, todos com prestações brilhantes, creio que é mesmo Peter O’Toole quem merece a última distinção.
O injustiçado
Os (restantes) nomeados
Menção Honrosa
Best Performance by an Actress in a Leading Role
As (restantes) nomeadas
Best Performance by an Actor in a Supporting Role
Djimon Houson
Desde que o descobri
O injustiçado
Mark Wahlberg
Best Performance by an Actress in a Supporting Role
As (restantes) nomeadas
Best Achievement in Directing
Stephen Frears por The Queen (8) – Sem dúvida merecida, esta nomeação premeia o excelente trabalho desenvolvido por este inglês na concretização deste projecto de sucesso. Como já havia dito acima, realização de topo no meu terceiro favorito nesta categoria.
Paulo Greengrass por United 93 (7) – Boa realização. Nada de transcendente, num projecto que eu considero ter sido mal abordado, visto que resultou mais num documentário do que num filme dramático que pretendia ser.
Alejandro González Iñárritu por Babel (8) – Mais uma justa nomeação. Meu segundo favorito, o criador de extraordinários momentos em Babel, que, só tenho pena, não ter, talvez, a solidez de argumento necessária para o transformar num dos melhores filmes de sempre… E daí… terá estado o problema no realizador? Só lendo o argumento…
Martin Scorsese por The Departed (8) – Mais um trabalho muito bom de Martin Scorsese mas, desta vez, não merece ganhar. Não foi o seu melhor… Ou somos nós que estamos mal habituados? A verdade é que a concorrência é forte e a única hipótese de Scorsese ir para casa com este Oscar é se a Academia decidir (erradamente, nestas circunstâncias) premiar a sua carreira.
A minha escolha
Little Miss Sunshine por Michael Ardnt (9)
Best Writing, Screenplay Based on Material Previously Produced or Published
A minha escolha
Os (restantes) nomeados
Notes on a Scandal (-) por Patrick Marber – Não vi.
Best Animated Feature Film of the Year
A minha escolha
Monster House (-) – Não vi.
Best Foreign Language Film of the Year
A minha escolha (dos nomeados, o único que vi)
El Laberinto del Fauno (9)
Será isto fruto da imaginação de uma criança… ou uma inesperada realidade? O filme é-nos apresentado num ambiente extraordinário, visualmente apetecível e com um toque de ingenuidade, contrastante com momentos de dura violência, constituindo um hino ao cinema fantástico. Absolutamente a não perder.
Os injustiçados
Letters from Iwo Jima (10) – Porque penso que um nomeado para prémio de melhor filme, caso seja em língua não inglesa, deve também ser nomeado nesta categoria, como já aconteceu com Wo hu cang long (O Tigre e o Dragão).
Para as restantes categorias passo, somente, a apresentar os meus favoritos:
Best Achievement in Cinematography
Children of Men (9) por Emmanuel Lubezki
Best Achievement in Editing
Best Achievement in Art Direction
Pirates of the
Best Achievement in Costume Design
The Devil Wears Prada (7) por Patricia Field
Best Achievement in Music Written for Motion Pictures, Original Score
Best Achievement in Music Written for Motion Pictures, Original Song
Dreamgirls (8) Henry Krieger e Siedah Garrett("Love You I Do")
Best Achievement in Makeup
Apocalypto (9) por Kevin O'Connell, Greg P. Russell e Fernando Câmara
Best Achievement in Sound Editing
Flags of Our Fathers (9) por Alan Robert Murray, Bub Asman
Best Achievement in Visual Effects
Pirates of the
Best Documentary, Features
An Inconvenient Truth (9)
Best Short Film, Animated
No Time for Nuts
No dia anterior ao referendo vimos o Benfica ser eliminado da Taça de Portugal. Entretanto ficámos a saber que os habitantes do Faial vão receber os primeiros Cartões do Cidadão e que, por exemplo, os radares detectaram, em Lisboa, desde Dezembro, cento e trinta mil infracções de trânsito, com o recorde de velocidade máxima a colocar-se nos 223km/h…
Tudo noticias “normais”, esperadas, talvez ache 223km/h muito pouco, (é uma velocidade perfeitamente segura para condução citadina!) mas, de facto, são novidades que se enquadram no quotidiano português.
A minha pergunta é:
Será que elas interessam? Mais. Será que o dia-a-dia que vamos levando tem profundo e verdadeiro interesse?
Hoje foi dia de sismo em Portugal continental, o mais forte das últimas décadas. Não provocou estragos, não feriu ninguém, terá, quanto muito, assustado algumas pessoas. Faz-nos, contudo, pensar que aqueles quatro, cinco segundos podem, a qualquer momento, vir a ser bem diferentes, alterando por completo as nossas vidas, que passámos anos a construir. Com uma manifestação natural sem aviso, o nosso “mundo” pode desaparecer tal como o conhecemos e, de repente… nada terá a mesma importância.
Claro que não sou pioneiro na reflexão sobre este assunto, mas quero, isso sim, dar a minha resposta:
Apesar de a ciência e a tecnologia poderem parecer muito desenvolvidas, na realidade isso trata-se apenas de pura ilusão, fruto de uma perspectiva inerente à efemeridade da vida humana. Posto isto, não está ao nosso alcance a possibilidade de controlar, tão pouco, as perigosas reacções do nosso planeta, quanto mais as do desconhecido universo e, portanto, sim, é verdade que, de um segundo para o outro, tudo pode mudar, mas é igualmente afirmativa a resposta relativa à importância do nosso dia-a-dia. Este importa porque é nosso e nos define neste momento, importa porque podemo-lo delinear nós próprios… Apenas há é que o fazer mantendo a consciência de que não existe necessariamente uma ordem “natural” das coisas.
Para já falo sem ter dados sobre as audiências de ontem, mas duvido muito da escolha de marcar a estreia do programa, fora do seu horário habitual, a um Sábado, ainda para mais noite de Benfica e contra um forte “Aqui há talento”. De qualquer forma, ainda que com muita margem para melhorar, após quatro ou cinco anos de talk-show moribundo, em decadência semanal, apraz-me anunciar que… o Herman está de volta!
Com ele regressam os talentosos actores do costume: Ana Bola, Maria Rueff, Maria Vieira, Manuel Marques e, a nova “aquisição”, César Mourão, que não me deixou uma muito boa primeira impressão, parecendo um pouco deslocado e distante dos demais colegas, situação que se aceita para uma primeira vez… Certamente que melhorará! Mesmo assim, creio que está reunida uma boa equipa para dar vida aos textos da autoria do espectacular grupo de argumentistas, (creio e espero eu) liderado por Herman José e que conta com nomes que facilmente associo a concretos projectos de humor da maior qualidade, como Nuno Artur Silva, Nuno Markl, José de Pina e Filipe Homem Fonseca, a que se juntam os, certamente por falha minha, desconhecidos, Francisco Palma, António Marques, Vítor Elias e Maria João Cruz.
Analisando o episódio piloto, parece-me que o potencial que evidenciei acima não foi aproveitado de forma satisfatória. O que me vem à memória de imediato é o texto do Realizador Fitipaldi que Herman José interpretou de uma forma que o tornou demasiado difícil de entender, deitando fora todo o impacto que aquele sketch podia ter. Por outro lado, gostei do Editor-Chefe do CNN, esse sim, de diálogo propositadamente imperceptível que resultou muito bem.
As instalações do Canal de Notícias Nacional fizeram-me lembrar “The Office”, bem como a edição e realização, bem ao estilo de uma sitcom britânica, entrelaçando os diversos sketches com a acção principal. Uma palavra para Américo Russo e as suas aventuras com protecção (?) que, apesar de um texto muito previsível se destacou dos restantes momentos, juntamente com a Chica Pardoca e o seu aborto de estimação, para mim, o ponto alto do programa.
De uma perspectiva global, o conceito é bom, mas vimos um episódio muito pouco polido, a espaços (largos) capaz de fazer rir, mas aquém das expectativas bastante elevadas que eu tinha, sempre com a “Enciclopédia” na memória. Na próxima semana estará contra o “Diz que é uma espécie de magazine”… Lá terei que gravar o Hora H. (E daí, espero para ver como se portam hoje, nesta noite de referendo, os Gato Fedorento que têm exibido desde os últimos programas de 2006 uma inconstante linha qualitativa, com pouco mais de uma mão cheia de sketches de enorme qualidade, rodeados de outros muito fracos, juntamente com frequentes introduções em estúdio falhadas.)
A verdade é que o Gato se vai embora no próximo mês de Março, sendo substituído pela versão portuguesa de uma série britânica “My Family” (Fazendo futurologia, uma má aposta da RTP.), deixando assim, o caminho livre para que Herman José e Companhia consigam triunfar nas audiências, caso o programa se modifique e aperfeiçoe, aproveitando as críticas, para passar a usufruir em pleno de todo o potencial humano disponível naquela equipa. A nós, fãs da comédia e da boa televisão, resta-nos, portanto, averiguar a evolução desta Hora H, ao longo das próximas semanas.
Está a chegar o dia. No próximo Domingo estão abertas as urnas, nove anos depois da primeira tentativa, a pergunta mantém-se e está na hora de ser, de uma vez por todas, dada uma resposta.
Esclarecendo a minha posição, começo por relembrar um ponto de vista acerca da despenalização da interrupção voluntária da gravidez que subscrevo inteiramente.
Na campanha para este referendo têm-se, de parte a parte, como é costume na discussão deste assunto, utilizado argumentos que chegam a tocar no ridículo, vindos, até, de alguns cidadãos com responsabilidade social acima da média. Não vou, no entanto, dar mais importância a essa situação. Prefiro, isso sim, focar-me no debate verdadeiramente importante, provido de genuína relevância e bom senso que sempre deve imperar.
Para mim, o argumento mais válido do “Não” é o “pormenor” de estarmos não a responder à pergunta que nos é colocada, mas sim a aprovar as alterações à lei propostas pelo Partido Socialista que se destinam a liberalizar o aborto e não à simples despenalização mencionada na pergunta. (E sim, é mesmo simples, tão simples que não tenho dúvidas de que já devia ter sido aprovada no Parlamento, há muito, muito tempo, sem recorrer ao sufrágio directo.)
Agora pergunto eu, será mau liberalizar o aborto?
in Priberam.pt:
liberal
do Lat. liberale
adj. 2 gén.,
próprio de homem livre.
Neste caso, da Mulher, que tem de ter a liberdade de escolher e o direito de ter condições para o fazer. Os abortos clandestinos não vão desaparecer, é certo, até porque grande parte destes são feitos após as dez semanas (um prazo que se torna muito importante em toda esta questão e que por vezes é esquecido, que nunca mudaria a minha resposta se fosse alargado até às 20) mas certamente que irá diminuir. Não temo a liberalização do aborto pois torna-se claro que ninguém vai interromper voluntariamente uma gravidez de ânimo leve. É uma decisão muito difícil e nunca deixará de o ser. À sociedade só resta dar condições para que quem a tome possa ser acompanhada física e psicologicamente.
Por isto, ou simplesmente porque não se acha que uma mulher deve ser perseguida judicialmente pela prática de um aborto há que votar “Sim” no referendo de Domingo.
Tradicionalmente estas formas de consulta à população portuguesa não têm dado respostas efectivas. Lembro que no referendo de