domingo, novembro 26, 2006

Natal, B.

Falta menos de um mês. Famílias reúnem-se, provavelmente pela única vez em todo o ano… Horas aborrecidas para uns, ansiadas por outros, mas é inegável que ninguém fica indiferente ao espírito natalício.

Durante as próximas semanas o consumo vai disparar, é certo, mas, contrabalançando, muitas iniciativas de solidariedade social terão significativamente mais sucesso, por exemplo. Analisando bem, esta é a altura em que mais palavras trocamos com desconhecidos: para além do normal “obrigado” seguem-se sempre mais umas “boas festas” ou um “feliz Natal”, sinal de que, creio eu, para além de sermos bem-educados, o Natal mexe efectivamente com cada um de nós.

Porque será, então, que esta influência se verifica? Sinceramente, não tenho resposta. Posso dizer que, claramente, não é por motivos religiosos. A velhinha “história” do nascimento de Jesus Cristo vai-se perdendo, ao longo do tempo, tornando-se, de uma forma geral, como que um mero acessório, tradicional nesta quadra festiva já adoptada por pessoas de outras comunidades religiosas não cristãs.

Permanece comigo a dúvida relativamente ao motivo, mas é evidente que, por estas alturas, as pessoas se revelam mais sensíveis ao estabelecimento das relações humanas, das mais simples e meramente cordiais, até às mais profundas, com o aperto dos seus laços estruturantes.

Falta menos de um mês e, como era de esperar, já começou a correria. Mesmo assim, nem tudo é mau nesta época, até porque já temos a nossa Árvore de Natal Millenium BCP/SIC a iluminar o Terreiro do Paço, liderando todas as outras iluminações festivas características, espalhadas por quase todas as cidades, vilas e casas do nosso país.

É um pouco esta a essência do Natal de hoje em dia: pessoas mais próximas, um ambiente especial. A artificialidade até pode ser discutível mas o que me apetece dizer é: eu gosto!

Natal, D.

Falta menos de um mês e isso já é visível.
Os jornais e revistas já se encheram de catálogos da Phone House e da Fnac com as promoções mais apelativas possíveis e é bom folheá-los e escolher “o meu presente”. A televisão já passa os anúncios da barbie e o seu cavalo mágico ou do action man com a sua arma-canhao-secreta. E eu gosto de passar os olhos pelo mesmos e acompanhar o crescimento do nenuco que antes só fechava e abria os olhos e hoje consegue fazer xixi sozinho. Isto é o natal.

Ontem a noite, na Praça do Comércio em Lisboa, a maior árvore (metálica) da Europa acendeu as suas luzes e toda as ruas da baixa-chiado seguiram os seus passos. Em directo a Sic acompanhava o momento e não faltaram as entrevistas da praxe à “pequenada” presente. E eu divertir-me com elas, principalmente quando um deles disparou que “queria um jogador do Benfica como presente”. Isto é o natal.

Já tive várias pessoas a desejarem-me “um santo natal se não nos virmos até lá”, mesmo de quem não o festeja, e é bom juntar um (este) desejo para além do trivial “adeus, até um dia”. Isto é o natal.

É nesta altura que a maior parte das famílias se juntam à mesa, dividem o bolo rei ou a lampreia e esquecem todos os desentendimentos. Mesmo que já no dia 26 andem aos insultos. E depois? Pelo menos um dia foi conquistado.

Sim, a publicidade avermelhada, as iluminações citadinas, a comida a condizer e as saudações natalícias fazem um todo que só acontece uma vez por ano. E é por isso que deve ser aproveitada. Minimizar tudo o que tem de imperfeito e atesta-lo com tudo o que tem de melhor. Aproveitar que dali a 6 dias, já estamos em 2007! Isto é o natal.

Have Yourself A Merry Little Christmas.


P. S 1 –. Metam as mãos nos bolsos e passeiem sem qualquer compromisso em mente. Olhem para as luzes e suspirem. Cerca de 2,5 milhões de lâmpadas estão espalhadas por 45 ruas da capital e os 75 metros de altura da árvore estarão a vossa disposição até dia 6 de Janeiro.

P.S 2 – E provavelmente iremos ver pela quadragésima oitava vez o E.T.
*

segunda-feira, novembro 20, 2006

O Mundo que vai mudando a Caixa, B.

Anos passam, gerações sucedem-se. Ao longo dos últimos 80 anos, muitas e profundas mudanças tiveram lugar, nos mais variados aspectos que definem a humanidade que constituímos. É verdade que não parece, mas é mesmo por aí que ronda a idade da nossa Televisão. Entre os desenhos animados da primeira demonstração em 1924 e o último episódio do Gato Fedorento, acontecimentos como a 2ª Guerra Mundial ou, por cá, a revolução de 25 de Abril, impuseram transformações drásticas na programação televisiva, que de outra forma evolui naturalmente, ao sabor da tecnologia e dos requisitos da sociedade.

Constante tem sido o debate acerca da influência da televisão (e dos videojogos, entre outros) no crescimento das crianças e jovens. Numa altura em que as televisões portuguesas começam a apostar a sério em séries de ficção americanas de grande qualidade, e depois da febre dos reality shows, são séries nacionais de produção “em massa” que continuam a liderar as audiências. Com textos de fraca qualidade, os temas são diversos, é certo, mas sem qualquer tipo de profundidade e incapazes de instruir as camadas mais jovens. Por outro lado, a ficção com textos de qualidade superior aborda, muitas vezes, temas capazes de ferir susceptibilidades e, admito, de influenciar comportamentos em casos pontuais. Parece-me que o ponto-chave dessa questão reside exactamente aí, na especificidade de cada caso, com a sua própria situação familiar e social, pois creio ser claro que a televisão não constitui, por si só, um entrave à formação saudável de um adulto competente e equilibrado.

Posto isto, não quero dizer que não seja necessário ter atenção e chegar a um entendimento quanto à organização tema/horário dos canais generalistas mas, na realidade, até isto vai perdendo importância com a expansão do cabo/satélite e a possibilidade que daí advém de vermos o que quisermos, quando quisermos.

Recém-chegada a Portugal está a televisão de alta definição que nos traz uma qualidade de imagem e som que transformam por completo a experiência de ver televisão. Confrontado com isto apetece-me perguntar: será que a televisão portuguesa merece?

Ora vejamos… Ficção nacional? Definitivamente não. Como referi acima, salvo muito raras excepções, todas as séries que se vão fazendo por cá ficam muito aquém do que podiam e deviam ser. Para além dos textos, não ajudam os baixos orçamentos, assim como uma parte considerável dos actores. Das restantes formas de entretenimento também não há muito a destacar, com as estações a apostarem frequentemente em concursos de formatos estrangeiros, quase invariavelmente sem grande longevidade. Ainda assim, programas já com história, como o Curto Circuito, ou novinhos em folha, como “Diz que é uma espécie de magazine”, constituem excepções, revelando-se programas de grande qualidade, mesmo quando comparados internacionalmente com outros do mesmo género.

Noutro nível, temos a informação, que cresceu muito nos últimos anos. Com dois canais temáticos e três estilos diferentes de jornalismo os portugueses têm ao seu dispor um forte leque de jornalismo informativo nas suas televisões. De há uns anos a esta parte têm emergido e expandido diversos espaços de comentário e de debate com audiências muito significativas e uma cobertura completa e precisa de tudo o que se passa em Portugal e no mundo.

Com tudo isto, é mais ou menos óbvio que a programação televisiva tende a definir-se de acordo com as preferências de maiorias, podendo servir como espelho da sociedade em que se insere. No nosso caso, regista-se uma evolução muito positiva relativamente ao olhar sobre a alDeia global que os portugueses parecem querer ter. A confirmar-se, vem tarde, é certo, mas saúda-se esta nossa mudança.

O Mundo que vai mudando a Caixa, D.

Anos passam, gerações sucedem-se. Mudam-se as gerações… mudam-se as vontades. É claramente visível a metamorfose pela qual a nossa televisão tem passado ao longo dos tempos. De espectadores atentos e pachorrentos, passamos a consumidores despertos e inflexíveis. Tal e qual uma sociedade “fast food”. Não há muito tempo. Se não gostamos logo nos primeiros 5 segundos, o comando é nosso amigo. E a Tv passa de estação em estação até nos saciar o apetite.

Com este corrupio as produtoras começam a tentar produzir mais e melhor para no satisfazer. As séries melhoraram. Há quem diga. Passámos a ter muito mais acção. Tiros. Explosões. Frenéticas perseguições. Tudo em prol de uma exaltação que nos tire do assento do sofá e nos transporte para aquele momento. Por outro lado as histórias passaram a ser mais simples, sem ornamentos ou complicações. Para que nos façam por 40m viver emoções únicas e fáceis de compreender.

O Público de domingo passado contava com uma notícia com o título “Novembro é o mês mais cruel para as séries americanas”. Jeff Barder, director de programação da ABC diz “As séries que tiveram maiores níveis de criatividade não foram aquelas que as pessoas correram a ver”. Veja-se o caso de “Studio 60 on the sunset strip” que esteve cambaleando perigosamente na linha do cancelamento. E continua – “Sucessos como “Lost”, exigem um esforço intenso por parte dos fãs para seguirem a história complicada. Muitos responsáveis na televisão consideram que há várias novas séries este ano que estão a exigir demasiado dos telespectadores que já não estão dispostos a gastar tempo com isso”.

Se antes uma série como “Dallas” conseguia o feito de juntar toda a família para um serão bem passado, hoje em dia, séries como “Criminal Minds” ou “Ugly Betty” fazem as delícias das audiências que têm hoje o poder de decidir o que se tornará na série mais bem sucedida de sempre ou aquela que ficará carimbada como “o maior fiasco da história”.

Se dizem que a televisão mudou o nosso mundo é verdade. Mas também não deixa de ser, que o mundo, tem cada vez mais, também, a capacidade para mudar a caixinha mágica.

P.S. “Grey’s Anatomy” passa aos domingos na RTP! Obrigatório. *

quinta-feira, novembro 09, 2006

Marketing






Exactamente uma luva. Nem mais nem menos. Foi isto que me ofereceram hoje num centro comercial no coração de Lisboa. Junto à mesma, vinha um papel que dizia:

“ No dia 9 de Novembro venha à loja buscar o seu par…”

Simples, directo e persuasivo. Que melhor maneira para se chamar os clientes para a abertura da nova loja?

Um beijinho à malta do marketing da C&A. *

domingo, novembro 05, 2006

Halloween, B.

Mais uma semana de Halloween passou! Tudo na mesma. Não me lembro bem da do ano passado e esta frase está já pronta a ser reutilizada no próximo.

A verdade é que, por cá, o nosso Dia das Bruxas tem um impacto muito pouco significativo na sociedade. Mesmo assim, sempre é mote para algumas festas, merecendo pequenos destaques na imprensa, mas nada que se aproxime das tradições fortemente enraizadas em países como os Estados Unidos ou Inglaterra.

Para nós, parece-me mais um aquecimento para o Natal que começa a estar na mente de toda a gente. “Já” só falta “pouco” mais de um mês... Daqui a nada surge mesmo a meia vermelha nos logótipos dos vários canais! Vão emergindo os tradicionais anúncios e as montras não tardam a mudar. As empresas de crédito rápido, por seu lado, não perderam tempo e já oferecem milhares de euros, a pagar só no próximo ano. Porque esperam os portugueses? Está na hora de sair de casa, comprar tudo o que não precisamos e algumas coisas que até vão dar jeito! Porque não, uma prenda a nós próprios?

O aproveitamento de datas festivas para fins comerciais é e será sempre, obviamente, uma realidade. O problema aparece quando esse aproveitamento se redefine como transformação, prejudicando de forma mais ou menos grave a vida de muitas famílias. De todo, não creio que a culpa seja de quem publicite (dentro dos limites legais, claro está), sendo antes necessário operar uma mudança na maneira de pensar de muitos cidadãos.

Digo isto ainda a alguma distância do pico natalício, de forma a poder contribuir para uma reflexão séria sobre o assunto. O que está mal não é gastar muito por alturas do Natal, mas sim, gastar demais, “com” o Natal ou qualquer outra situação motivada exclusivamente pelo calendário ou por outro qualquer irrealista sentido de necessidade. É complicado gerir um orçamento familiar e a palavra-chave que encerra todo o cerne desta problemática é: “consciência”. Há que ter plena consciência das possibilidades, das verdadeiras necessidades e, sobretudo, consciência de que há um futuro aí a chegar, onde qualquer acção mal pensada se vai repercutir negativamente.

É por isto, ou melhor, pela falta disto, que gosto do nosso “Halloween”… por enquanto quase que só é preciso ter consciência de que o feriado está a chegar.

Halloween, D.

Mais uma semana de halloween passou! Muitos foram aqueles que nem sequer deram por ela, mas outros houve que a festejaram como nunca dantes visto. Francisco Louça na 2ª página do semanário Sol desta semana diz “Dei o primeiro beijo aos 13 anos”.
Alguém que comente, porque eu vou passar a frente.

- Ouvi pela primeira vez o cover de Skye Edwards da música “Feel Good Inc” dos Gorrilaz. É a sugestão MP3 da semana.


- O verniz estalou (literalmente se é que elas pintam as unhas) entre duas senhoras na Câmara Municipal de Lisboa. Os insultos entre Maria José Nogueira Pinto e Paula Teixeira da Cruz chegam todos os dias as páginas dos jornais e deliciam qualquer um que passe os olhos por aquelas linhas. Uns dizem que é porque existem divergências relativamente a um processo que envolve funcionários da câmara residentes em chelas que andam a tentar comprar as suas casas, outros que afirmam que será porque Paula Teixeira apoiou os moradores da Av. João VI que se manifestavam contra uma decisão de Maria Nogueira. Pois devem ser estas duas e muitas mais as razões. Certo é que a costa está minada e até o líder social democrata já se deslocou a CML para tentar apaziguar os ânimos. Entretanto, se a coisa der mesmo para o torto, talvez surjam mais umas vozes anti-Carrilho e se comece conversações para uma coligação PSD-PS.
E porque não?

- Em Cuba, no Alentejo, foi inaugurada uma estátua em homenagem ao descobridor Cristóvão Colombo. Este nasceu em Génova, Itália, mas novos dados descobertos por investigadores provam que a verdadeira identidade deste é portuguesa. E querem desde já efectuar uma análise ao DNA do mesmo para o provar! Nesse mesmo dia, o largo onde se encontra a estátua foi baptizada de Cristóvão Colombo. Mas não chega! Não! O navegador terá, ainda, um museu em sua homenagem e o futuro aeroporto de Beja será apelidada com o mesmo nome. Só esperamos que não haja mais nada para colocar uma alcunha pois não será muito difícil de adivinhar qual irá ser a escolhida.
Esta semana já andam a bradar aos ventos que querem que os manuais escolares sejam alterados, passando o nome do Sr. de Cristóvão Colombo para Cristóvão Colon.
E outro entretém, não?

- Uma notícia no Diário Digital dá conta de uma exposição em Oslo sobre a homossexualidade dos animais. É uma notícia perfeitamente normal, relatando o que se passou de mais importante do evento e informando sobre as questões que se colocaram dentro do mesmo. O insólito chega mesmo nas linhas finais onde um pastor da Igreja Luterana “desejou que os responsáveis pela mostra «ardessem no fogo do inferno»” e “ outro, da Igreja Pentecostal, disse que o dinheiro dos contribuintes seria melhor gasto a ajudar os animais a corrigir «as suas perversões e desvios»”.
Feel free to react the way you want.

- Para terminar, e para não variar, já indo na 8ª edição do semanário, José António Saraiva continua a tagarelar sobre o seu adorado/odiado antigo semanário Expresso. Go figure…!

Sim, esta semana teve tudo a ver com o halloween e foram 7 dias notáveis. E o melhor é que não será necessário esperar até para o ano. Amanhã já há mais. *

quinta-feira, novembro 02, 2006

The Gift



Depois de vários anos de espera, os fãs dos Gift podem agora vê-los a qualquer momento, num qualquer espaço que tenha um ecrã e um leitor de dvd! Dia 30 de Outubro, foi a data de lançamento escolhida pela banda para contentamento de todos os que já tinham sede de mais.

É difícil caracterizar numa só palavra este duplo álbum + dvd, por isso ficam seis: mágico, expressivo, estético, deslumbrante, cativante, e melodioso. Dividido em 2 partes, AM e FM, consegue, das duas formas dissemelhantes mas concordantes, arrastar-nos para um mundo de sons e vozes juntas numa atmosfera sedutora.

Em AM temos um palco branco, transpirando tranquilidade. Vocalista e restantes elementos vestidos a rigor pedindo-nos para nos juntarmos àqueles 60m de música sentida e condescendente. Começamos com “5 Minutes Of Everything” e acabamos com o sempre estimado “OK! Do You Want Something Simple” com novas vestes ajustadas ao AM. Sónia Tavares (não desprezando os restantes membros) toma conta da sala com a sua elegância e entrega a cada música que passa.
Especial destaque para o novo arranjo de “Truth” e para o coro presente em, entre outras, “Pure”.

Pegando no disco e virando-o. Levantem-se e preparem-se para dançar. Estendam os braços e batam palmas. As luzes, os holofotes, os espelhos, os contrastes, as batidas fortes tomaram conta do espaço. FM oferece-nos um cenário mais “agressivo”. Pintado de negro, novamente acompanhado pela floresta também presente em AM, prepara-nos para outra hora de puro divertimento e movimento. O melhor? “11.33”, “You Know”, e Nuno Gonçalves brilhante em “So Free (3 acts)”.

A acompanhar o disco, temos o Making Of do espectáculo, uma galeria de fotos dos respectivos lados, e um vídeo da tour do AM/FM por terras de S. Salvador.
Menção honrosa para os vestidos dos Storytellers (especialmente o primeiro do lado AM).

Sónia deita-nos a língua de fora.
Nós sorrimos.
A perfeição assenta-lhes tão bem. *