Muitos argumentistas/realizadores não o chegam a fazer, certo é que também não são raros os que o fazem, mas arrisco dizer que M(anoj) Night Shyamalan é o primeiro a fazê-lo com tão poucos anos de carreira. Revelou-se ao grande público aos 29 anos, com ‘The Sixth Sense’, pelo qual foi nomeado para os Óscares de Melhor Realizador e de Melhor Argumento Original… Não ganhou, mas arrisco dizer que a sua vez chegará. Nos anos que se seguiram continuou a prender a atenção do mundo do Cinema com filmes como ‘Signs’ e ‘The Village’ (e que filme que é est’“A Vila”!). Todas as suas obras, se destacam inequivocamente do mercado mainstream de Hollywood, mas têm em comum a realização e estilo de escrita inconfundíveis deste indiano crescido
Shyamalan agarrou numa história “de embalar” que em tempos escreveu para os seus filhos e transforma-a em quase duas horas de irónica crítica à indústria cinematográfica actual, não deixando, não só de passar as mensagens inerentes à própria história, mas também de nos apresentar bons momentos de suspense e diálogos dramáticos muito bem concretizados pelos actores. Tudo isto acompanhado com frequentes pitadas de humor de grande qualidade, quase sempre no sítio certo.
Não esperem grandes surpresas, aviso já que não há nenhum twist, mas as sólidas performances de Paul Giamati, da Senhora-Narfa-da-água-da-piscina Bryce Dallas Howard e de alguns dos actores secundários (o próprio Shyamalan criou para si mesmo um papel crucial que desempenha em bom nível, sendo que, mesmo assim, provavelmente o tal Oscar que lhe está destinado não será o de Melhor Actor) ajudam a que a narrativa se desenvolva de uma forma fluida e natural. A bedtime story naturalmente que não é muito forte ou profunda mas encaixa perfeitamente no espírito do filme, servindo de linha de rumo para a sátira e desafio aos standards da indústria.
A realização caracteriza-se facilmente: M. Night Shyamalan. Temos alguns planos deslumbrantes e, no geral, é quase impossível não se sentir atraído, a tempo inteiro, pelo que se passa no ecrã. Uma palavra também para os CGs, muito bem utilizados e que garantem algumas cenas de grande beleza, em contraste com o simples prédio em que se desenvolve toda a acção.
Alguma vez tenho de parar de falar sobre o filme, mais vale que seja agora, enquanto ainda o tenho fresco na memória. Não é inesquecível para quem o vê, mas expressa, claramente e com enorme qualidade, a ousadia deste jovem argumentista/realizador que em pouco tempo ganhou a credibilidade suficiente para poder concretizar este projecto pessoal. Espero ansiosamente pelo próximo, com grande curiosidade para saber qual será o seu próximo passo… Se ele estiver a aceitar pedidos, que venha um filme de Terror assumido!
Ah…Bottom line, 'Lady in the Water', absolutamente recomendado a qualquer fã do bom cinema!
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