Depois de quatro séries mais ou menos ao mesmo estilo o Gato Fedorento voltou com um novo formato. Pelo meio da boa disposição ainda fruto do primeiro episódio de “Diz que é uma espécie de magazine” apraz-me comentar a mudança dizendo: finalmente!
Desde os tempos já históricos do Perfeito Anormal e da série Fonseca, até à última série Lopes da Silva, a forma dos sketches manteve-se basicamente a mesma. Não digo que isto seja mau, mas é um facto que, por episódio, apenas um ou dois “segmentos” atingiram um patamar qualitativo elevado. (Digo isto tendo plena consciência da diversidade de público e opiniões que um projecto humorístico desta natureza atinge e com a certeza de que muitos sketches, ao longo dos anos, foram descuradamente apressados e colocados no ar quase, e, por grande respeito para com os autores, sublinho o quase, que “só para encher”).
Com a mudança para a RTP o orçamento aumentou mas reti a iDeia de que em várias situações não foi aplicado da melhor forma, com a qualidade de alguns textos a deixar algo a desejar, sendo notórias, de qualquer forma, grandes melhorias técnicas e ao nível dos cenários. O canal público apostou forte no Gato Fedorento, com um contrato de duração considerável e, esta “época”, o novo programa está como que obrigado a concretizar-se numa aposta ganha, capaz de brilhar no horário nobre em que está colocada.
Eis então que Miguel Góis, Ricardo Araújo Pereira, Tiago Dores e Zé Diogo Quintela reapareceram, na peugada de uma qualquer Nota Solta de Prof. Marcelo, com um formato completamente distinto, que se fosse obrigado a comparar, traçaria um paralelismo com uma espécie de Daily Show… consideravelmente menos sério. Os sketches mantêm-se (a julgar pelo episódio de estreia, tão bons e talvez mesmo melhores do que os inúmeros já históricos, como o "Filme Indiano" ou quando "Matarruanos dão indicações") mas, desta feita, são apresentados em jeito de reportagens, com os quatro argumentistas em estúdio (entre os quais apenas um actor com (muito) talento para a comédia: R.A.P.), acompanhados por muito público (a quem falta saber quando rir e quando bater palmas, um dos aspectos a rever para as edições futuras) e com os Da Weasel a actuar ao vivo e a participar, também, num momento cómico.
Há que melhorar as intervenções em estúdio, não tanto os textos mas mais as prestações dos apresentadores. De resto, permanecem-me na memória os dois Oliveiras, o paquete e o fascista mediano, a extraordinária imitação de Paulo Bento (que anseio ver com uma rubrica frequente no “Telejornal”), a análise cientifica à actuação de Carlos Lopes na gala Nova Gente de há uns anos e, por último, a certeza de que este novo Gato tudo tem o para conquistar os portugueses, assim seja mantido o alto nível atingido pelo primeiro programa.
(Ah… a banda sonora! Para quem não sabe, o nome “Gato Fedorento” foi escolhido precisamente por causa desta música, interpretada por Phoebe Buffay, personagem da sitcom de grande sucesso da NBC, Friends.)